Novo laudo reforça que equívoco de cálculo provocou tragédia. Material usado estava fora do padrão.
Uma falha no projeto estrutural foi a causa apontada no laudo técnico-científico do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves para o desabamento do prédio Real Class, da empresa Real Engenharia, no dia 29 de janeiro deste ano, na travessa Três de Maio. Na tragédia, três pessoas morreram, sendo dois operários e uma moradora vizinha à obra. O documento foi entregue na manhã de ontem à Polícia Civil. Com base no que detectaram os engenheiros, o projeto apresentou falha na concepção do sistema estrutural, ocasionando erro na escolha do modelo matemático aplicado. O modelo escolhido acabou por interferir no detalhamento e dimensionamento dos estribos, que são ferros horizontais que amarram os vergalhões verticais. O laudo do Renato Chaves tem conclusões diferentes do apresentado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), que ressalta a influência do vento na queda do edifício.
Os peritos só puderam chegar a essa conclusão após analisar os pilares do edifício, em especial os intitulados P15 e P16, responsáveis pela queda do prédio. O pilar é uma coluna que constitui o elemento vertical da estrutura de uma construção. Esses dois pilares foram localizados onde estava construído o fosso do elevador. O engenheiro ressaltou que tudo o que estava no projeto original apresentado pela empresa Real Engenharia foi utilizado na construção do edifício Real Class. "De modo geral, ela (a Real) executou que estava apresentado e obedeceu todos os critérios técnicos", afirmou Dourival Pinheiro, coordenador do estudo e um dos sete engenheiros que atuaram na perícia.
Na avaliação dos engenheiros, as normas não foram obedecidas e alguns cálculos estavam errados. "O principal foi a falha do sistema estrutural. O sistema não estava adequado para um prédio de 34 pavimentos. Qualquer sistema para funcionar, os elementos têm que estar integrados. Eles não estavam integrados. Não deveria ter 34 andares", enfatizou Pinheiro.
FONTE O LIBERAL
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