UFPA descobre e patenteia sequência de DNA da mandioca
A mandioca (Manihot esculenta
Crantz), espécie comestível típica da América do Sul, é uma das mais
importantes fontes de alimentos tropicais para mais de 600 milhões de
pessoas em todo o mundo, sendo as raízes da planta a parte mais
comumente usada. Porém, na Amazônia, é comum a mandioca ser atacada por
fungos, o que leva a uma doença caracterizada pela podridão mole da
raiz. Mas, a partir de um estudo desenvolvido no Laboratório de
Biologia Molecular do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA (ICB),
isso pode mudar.
Chamada de “Sequência de DNA contendo a região promotora e elementos regulatórios do gene Mec1, com expressão na raiz da mandioca, para uso em programas de melhoramento genético”, a descoberta diz respeito à capacidade
de direcionar a expressão de genes de interesse, de maneira localizada,
nas raízes de plantas melhoradas geneticamente por meio da
Biotecnologia. Esta descoberta surgiu no âmbito do projeto de pesquisa
do ICB chamado “Isolamento e caracterização de sequências promotoras de
raiz de mandioca”, coordenado pela professora Cláudia Regina Batista de
Souza.
Passo a passo - A primeira etapa da pesquisa consistiu na obtenção da sequência de DNA (região promotora) do gene Mec1.
Este gene codifica a proteína Pt2L4, rica em ácido glutâmico, e foi
utilizado na pesquisa devido a sua alta expressão nas raízes da
mandioca. A funcionalidade da sequência promotora foi confirmada por
experimentos de transformação genética de plantas e poderá ser
utilizada no melhoramento da mandioca ou de outras culturas de
interesse, como na obtenção de plantas com resistência a doenças e
maior valor nutricional, contribuindo para o desenvolvimento da
agricultura e melhoria da saúde humana e animal.
“Se
nós aumentarmos a resistência a doenças e a pragas, nós melhoramos a
produtividade, além de eliminarmos o uso de agrotóxicos que contaminam
o meio ambiente. No caso da mandioca, a raiz possui um baixo valor
nutricional, pois há muito amido e pouca proteína e vitamina. Então, se
quisermos aumentar o valor nutricional da mandioca, poderíamos fazer
por meio dessa sequência de DNA descoberta pela UFPA”, explica a
professora Cláudia de Souza.
Os
trabalhos de isolamento da sequência promotora e caracterização
molecular foram realizados no Laboratório de Biologia Molecular da
UFPA, enquanto os experimentos de transformação genética foram
conduzidos na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
Recursos Genéticos e Biotecnologia, localizada em Brasília. O projeto de pesquisa teve apoio financeiro da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente-PA, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Saúde e da Rede de Biotecnologia da Mandioca.
Descoberta ganhou patenteamento internacional – Ao
final de setembro deste ano, a descoberta do Laboratório de Biologia
Molecular da UFPA recebeu patente internacional da Organização Mundial
de Propriedade Intelectual (OMPI), entidade internacional de Direito
Internacional Público, com sede em Genebra (Suíça), integrante do
Sistema das Nações Unidas. Isso significa que a sequência de DNA
descoberta está protegida e só poderá ser utilizada em futuras
pesquisas e experimentos por meio da autorização da UFPA e da Embrapa.
Além
da professora Cláudia de Souza, participaram da descoberta os
pesquisadores da Embrapa Francisco Aragão e Luiz Carvalho, as discentes
da UFPA Edith Cibelle Moreira, Solange Nascimento e Carinne Monteiro. A
participação da professora Maria Brasil Silva, do Setor de Propriedade
Intelectual da UFPA, e da pesquisadora da Embrapa Simone Tsuneda também
foi essencial na elaboração e submissão do pedido de patenteamento. As
futuras atividades da equipe de pesquisadores serão a de decidir em
quais países a invenção deverá ser protegida. O que se espera é
alcançar 145 países.
Texto: Igor de Souza – Assessoria de Comunicação da UFPA
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